domingo, dezembro 18, 2005
  Evolução na Continuidade

Anuncia-se para breve a mudança de director no órgão de informação baixo-alentejano "Diário do Alentejo". E depois? Quando um jornal é dependente das maiorias políticas conjunturais que se forjam após cada eleição autárquica, quando esse mesmo jornal está economicamente dependente dos poderes políticos porque não é viável economicamente, isto é, não tem leitores suficientes que o suportem, quando um jornal tem esta dupla dependência, política e económica, que admira pois que a sua linha editorial dance e balance ao sabor das partidocracias?
Durante um longo período, que irá do pós-25 de Abril a 2001, quando as câmaras CDU, na sequências das eleições autárquicas então disputadas, deixaram de ser maioritárias no seio da Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, a entidade pagante e, por isso, mandante no jornal, durante esse longo período foi o jornal de um panfletarismo monocolor merecedor das mais severas críticas por parte das forças políticas opositoras. E com razão.
Após 2001, e até ao presente, a linha editorial do jornal sofreu alterações que se pretendiam de equilíbrio e isenção política. E o que sucedeu? Foi nomeado um novo director para o jornal , o agora em vias de demissão, e o jornal seguiu uma linha editorial inócua, coibindo-se de tecer quaisquer críticas, veladas que fossem, à gestão das autarquias integrantes da entidade patronal, a AMBAAL. Isto é, o jornal deixava de servir um só senhor e passava a servi-los todos. Interessante, original, recomendável continuava a ser a linha editorial do jornal.
A partilha político-partidária deste patético órgão de informação regional chegava ao ponto de se repartirem com equidade os colunistas, tantos de uma cor, tantos de outra cor. Pretendia-se, com a original solução, dar-se ares de isenção e independência. E colunistas não faltaram, na sua maioria mais colunáveis que colunistas, gente em busca de protagonismo mediático, servindo interesses pessoais ou de grupo, mandatada, quase sempre, pelos aparelhos político-partidários que não por qualquer vocação jornalística ou intenção de intervenção cívica e cidadã.
Regressaremos agora à linha panfletária monocolor? Tudo parece indicá-lo. E depois? Não será essa a evolução mais natural deste, que alguns pretendem, conceituado jornal tendo em conta os condicionalismos em que o mesmo tem vivido de há trinta anos a esta parte?
Interessante jornal este, interessante como case-study de órgão de informação dependente e por isso instrumentalizado pelos poderes que o gerem e o pagam. O pior, o pior de tudo é que o pagam com dinheiros do erário público sem que a opinião pública, mas ela existe?, se insurja e condene.
Interessante ainda porque sendo, de há largos anos, de periodicidade semanal se continuar ainda a chamar diário. É por estas e por outras que se contam tantas anedotas sobre os alentejanos. 
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