O Pacense
sexta-feira, maio 27, 2005
  Um Caminho sem Retorno

O Partido Comunista, força política preponderante que foi no Alentejo ao longo de décadas, tem vindo a perder, de forma gradual e irreversível, influência e eleitores por notória incapacidade de compreensão e adaptação a novos tempos e a novas realidades, o que não deixa de ser irónico num Partido que faz da análise objectiva da realidade o instrumento orientador de toda a sua actividade política, conforme os mais estritos e ortodoxos princípios do materialismo dialéctico.
Na verdade a inércia que pauta a actuação do Partido Comunista Português transformaram-no na mais conservadora das forças políticas que compõem o leque partidário parlamentar. É isto salutar para a vida política nacional? Não é. Desde logo porque um sector ainda vasto do campesinato alentejano, em redução acelerada pela emergência de novos meios de produção dispensadores da utilização de mão-de-obra intensiva, e uma vasta franja da população mais envelhecida se revêem nele como seu interlocutor e porta-voz privilegiado. A consequência óbvia é que aqueles que não têm voz cada vez a terão menos, porque o conservadorismo do voto rural e a memória ainda mítica e quase religiosa das lutas e sacrifícios dos comunistas em tempos da Ditadura, tornam quase proibitiva a deslocação do voto para outras forças políticas, assumindo tal acto, a concretizar-se, foros de uma quase apostasia. Tais considerações não se aplicarão de todo ao mundo urbano, de fidelidades partidárias mais volúveis pela maior permeabilidade social. Mas a inexistência de grandes meios urbanos, as próprias cidades capitais de distrito ter-se-ão que catalogar como cidades de média dimensão, fizeram do voto rural o voto determinante ao longo de muitos anos.
Essa memória bloqueadora não existe nas gerações mais jovens e são os mais jovens, o 25 de Abril ocorreu há 31 anos, a maioria do eleitorado nos dias de hoje. E o discurso de contornos neo-realistas em que persistem os comunistas já não se compagina com a nova realidade, fruto de profundas e estruturantes mutações sócio-económicas e culturais.
Por isso que a perda de influência política dos comunistas não releva de uma qualquer mutação circunstancial do sentido de voto dos eleitores, mas tem tudo a ver com alterações estruturantes na tessitura económica e social, isto é, quem não vota comunista hoje não o fará amanhã, porque não se revê nessa força política, porque a forma e o conteúdo, a praxis e a teoria são passadistas, anacrónicas. Se a infra-estrutura determina a superestrutura então o Partido Comunista é hoje um instrumento de combate político desadequado.
As candidaturas à Câmara Municipal de Beja estão lançadas: Carlos Figueiredo, pelo Partido Socialista, Francisco Santos, pelo Partido Comunista e João Paulo Ramôa, pelo P.P.D.-P.S.D.
Atentemos na candidatura comunista: Francisco Santos é médico, natural do Concelho, de onde se ausentou há largos anos por razões de ordem profissional, o que não é motivo de reparo desmerecedor; o mesmo se poderá dizer do candidato socialista. Francisco Santos foi, e disso se recordarão aqueles cuja memória histórica remonta aos anos logo imediatamente posteriores ao 25 de Abril, um destacado e celebrado militante do Partido Comunista. O ser homem de origens modestas e as suas qualidades profissionais e humanas fadavam-no para personificar o militante comunista exemplar. E foi por isso agora o escolhido para candidato à Câmara Municipal de Beja: Francisco Santos transporta consigo a memória de tempos áureos de hegemonia optimista, isto é, o candidato transporta consigo as memórias do passado, não traz consigo qualquer projecto de futuro. E serão essas memórias do passado que pretenderão alentar e revivificar um projecto já obsoleto. Dir-se-á que é o melhor que se pode arranjar, sem desprimor para a pessoa.
O comportamento dos comunistas cada vez mais se parece com o dos habitantes de uma cidadela sitiada cuja queda se antevê como inevitável: afirmam esperançosos os sitiantes "É agora", perguntam-se ansiosos os sitiados "Será desta?". Dirão os comunistas, embalados até pelo carácter messiânico da sua doutrina, que toda a sua vida tem sido feita de resistência, por vezes em condições profundamente adversas. Ninguém o nega. Mas só um projecto consistente de futuro suporta qualquer acto de resistência, resistir de olhos postos no passado é protelar um irremediável fim.
Decididamente, o caminho descendente do Partido Comunista é um caminho sem retorno. 
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quinta-feira, maio 26, 2005
  SOMBRAS DO PASSADO

I


Tudo começou num fim de tarde de um dia de Agosto, dia quente, muito quente, como são todos os dias de Agosto em Beja. Começara a soprar a maré, ao sopro da qual se padejavam os cereais nas eiras e se separava o grão da palha, aquela brisa fresca, balsâmica, que do Oceano nos chega quando o Sol, até aí senhor inclemente, começa a declinar e permite, enfim, que homens e bichos rompam a clausura em que o calor opressivo os mantivera. Chegara a maré e, como vinha sendo hábito, o terraço do Grémio Artístico Bejense povoara-se já com os habituais jogadores de malha, na sua maioria de encanecidas e respeitáveis idades que ali, ao entardecer, se juntavam a jogar ao perde-paga, pagavam um copo os perdedores aos vencedores, que esta é uma associação respeitável e não se permitem jogos a dinheiro, bem entendido.
Nesta ocupação se encontravam quando se anunciam visitantes, uma dama e dois cavalheiros, também eles já de provecta idade. O meu particular amigo senhor Honório Ribeiro, Presidente da colectividade, sem enfado deixou a jogatina e lá foi cumprir as suas funções de anfitrião, bom anfitrião que ele sem favor o sabe ser. Ao que vinham, ao que não vinham? Desejavam visitar as instalações, haviam-nas conhecido na sua meninice já lá iam uns bem puxados setenta anos.
Um dos cavalheiros trazia consigo alguns documentos e fotografias que desejava doar à colectividade, tinham a ver com a mesma. Os anos já eram muitos, o fim aproximava-se e decerto todo aquele espólio haveria de levar sumiço se não estivesse à salvaguarda de quem lhe desse a devida importância e o cuidasse, explicava ele.
Mas a que vinha todo aquele mistério?
-Pois vivi em Beja, durante a minha infância. Meu pai foi mestre de música aqui no Grémio Artístico, era sargento-músico do Regimento de Infantaria 17. Depois fomos para Lisboa, em 1933, e como não deixámos por cá família todo o contacto se perdeu. Veja, ali naquela fotografia de conjunto, aquele era o meu pai.
Encontravam-se na sala da Direcção. Velhas fotografias dependuradas das paredes e cujos segredos já todos desconheciam eram agora reconhecidas por aquele inesperado e tardio visitante, em cuja voz se notava uma ligeira comoção.
O meu amigo Honório passou em revista o espólio que lhe havia sido entregue, reconheceu entre as fotografias uma com a legenda "Direcção do G. A. B. - 1932".
-Veja, ali na parede está uma fotografia igual a esta.
O visitante olhou uma e outra. Que não, que não eram exactamente iguais, disse.
-Como é que não são iguais?
Pois que não eram iguais, comparasse-as melhor e veria que naquela que se encontrava na parede faltava um elemento do grupo.
E de facto faltava. Como era possível?
-Aquele senhor portou-se mal e os companheiros mandaram o fotógrafo apagá-lo. - respondeu lacónico, tão seco e lacónico que o meu amigo Honório ficou sem coragem para perguntar qual o pecado cometido por aquele jovem, pois de um jovem se tratava, à época.
A visita continuou. Mas os visitantes pouco mais disseram. Afinal não vinham para ouvir nem para ver o presente, bastava-lhes o silêncio dos salões e das velhas fotografias das personagens austeras que pontificavam pelas paredes, silêncio que decerto lhes traria vozes do passado, notas soltas da música que ali se tocou, frases avulsas dos actores amadores que no vetusto palco sonharam e fizeram sonhar, etéreas memórias que a quase centenária colectividade encerrava e que só eles sabiam entender. E o meu amigo Honório seguia-os, sem nada explicar e nada interpelar, respeitador do silêncio daqueles romeiros chegados do passado e que procediam, olhavam e tocavam como se nunca de lá tivessem saído. E ele, homem de espírito positivo, confessou-me mais tarde que, a dado momento, ainda receou que, repentinamente, alguma daquelas fotografias se animasse e o retratado desatasse em amena cavaqueira com aqueles fantásticos visitantes.


II


Sobre estas e outras coisas discorria eu com o meu amigo Neves, sentados numa esplanada ali para as Portas de Mértola. O Neves é membro da actual Direcção do Grémio Artístico e andava intrigado com a eventual malfeitoria que o seu antecessor, apagado na fotografia, teria cometido.
-O Presidente não lho perguntou e agora não lho vai perguntar mais. Sabes que o tal misterioso visitante faleceu poucas semanas depois de regressar a Lisboa?
-Como é que sabes? - perguntei-lhe.
-Sei porque há dias realizámos uma exposição retrospectiva sobre a vida da colectividade e enviámos-lhe um convite para assistir à inauguração da mesma, tínhamos ficado com o seu endereço. Pois a resposta que obtivemos foi que já tinha falecido.
-Possivelmente quando cá esteve ele já sabia que iria morrer em breve, daí ter feito a doação do espólio. Talvez padecesse de alguma daquelas doenças que não perdoam e nos marcam prazo. - dizia-lhe eu.
-Também suponho que sim. Mas nunca mais saberemos a tramóia cometida pela outra misteriosa personagem.
-Homem, isso está a tornar-se uma obsessão. E que te importa isso a ti?
Ficou-se de copo na mão a contemplar as bolhas que, do fundo do copo de cerveja, subiam em caprichoso bailado para, passado algum tempo, me perguntar com um ar manhoso, aquele ar manhoso que eu lhe conheço desde os bancos da escola e que sempre arvora quando pretende algo:
-Como é que te parece que poderíamos descobrir a marosca?
-Irra! Qual marosca nem meia marosca. Não tens mais nada que te preocupe? Olha, participa o assunto à Judiciária!
-A sério, como é que nós poderíamos saber?
Comecei a encará-lo com apreensão. A coisa era mais séria do que eu pensava. Sabia que este Neves era de ideias fixas mas esta ultrapassava as marcas. Disse-lhe num tom de enfado:
-Procura nas actas das reuniões da Direcção por volta desses anos. A fotografia onde ele já não consta não tem a data de 1932? Pois então, com toda a probabilidade, o tão misterioso crime terá sido cometido nesse ano ou nos anos anteriores ou posteriores, um ou dois anos antes, um ou dois anos depois, suponho. Como vês, não terás que pesquisar muito.
-Mas isso já eu procurei fazer. Os livros de actas já não existem! - declarou, num desabafo.
-Porquê? Não houve o cuidado de preservá-los?
-Não é isso. Nos anos quarenta houve um incêndio no prédio e grande parte de toda essa documentação se perdeu.
Então ele já havia andado a indagar!? E confesso que terá sido por aqui que o assunto também me começou a interessar. Como nada conseguiu perseguindo a pista mais óbvia, estava agora a tentar derriçar-me, pois bem sabia da minha atracção por papéis e coisas velhas.
-E já tentaste saber de pessoas dessa época que ainda estejam vivas e te possam contar o que aconteceu?
-Repara que estamos a falar de coisas que ocorreram há cerca de setenta anos. Possivelmente aquilo que se passou não foi mais que um fait-divers na vida da cidade, e a memória colectiva não guarda por muito tempo esses pequenos acontecimentos. E os que me poderiam contar aquilo que se passou já decerto morreram todos.
-Tens toda a razão. O que se passou não foi mais que um fait-divers, não merece o esforço.
Começou de novo a fitar o copo de cerveja, agora praticamente vazio e de onde já não subiam bolhinhas. Tinha um ar de cão escorraçado. Mas que podia eu fazer?
-Bem, bem! E se fôssemos tentar sabê-lo pelos jornais da época? Talvez que eles nos possam esclarecer sobre o que se passou.
Um sorriso amaciou-lhe as faces. Deu-me uma tão grande palmada no ombro que salpicos de cerveja saltaram do copo que eu tinha na mão e me molharam a camisa.
-Eu sabia que alguma ideia te havia de ocorrer, eu sabia!
E perante tanta e tão genuína alegria e tão efusiva quanto brusca manifestação de amizade, não fui capaz de me zangar com o Neves por me ter molhado a camisa.


III


No dia aprazado deslocámo-nos à mediateca municipal na esperança de encontrar algo que satisfizesse a assolapada curiosidade do meu amigo Neves e, por que não confessá-lo, a minha própria curiosidade.
-Que jornais da época achas que devemos consultar? - perguntou-me.
-Bem, vamos começar pelo Ecos de Beja, que era à época o jornal de maior circulação na cidade e no distrito, e se aí nada encontrarmos depois se verá.
-Mas o tempo não nos vai chegar para vermos tantos jornais!
-Que tempo? Referes-te ao dia de hoje? Não quiseste meter-te e meter-me nestes assados? Pois fica a saber que voltaremos aqui as vezes que forem necessárias.
Fitou-me com uma cara de algum desalento. O tempo ali passado, ao findar da tarde, seria o tempo em que não estaria com a sua camarilha, depois de deixar o Banco onde trabalhava, a discutir futebol e a beber um copo no bar que habitualmente frequentava.
Fui impiedoso.
-Penso que temos aqui trabalho pelo menos para quinze dias.
Tive como resposta um profundo suspiro.
E, cheios de esperança, deitámos mãos à tarefa. Pedimos à funcionária que nos facultasse a consulta do Ecos de Beja de 1930 e 1931 e distribuímos tarefas: o Neves consultava os números referentes ao primeiro dos anos e eu os restantes.
A busca desse findar de tarde revelou-se infrutífera. O Neves detinha-se demoradamente nas parcas notícias que já então surgiam sobre football, como então ainda se escrevia, e tirava apontamentos, debaixo das minhas admoestações.
-Neves, assim passamos aqui um mês!
-Deixa lá, aquela tropa tem a mania que sabe tudo sobre futebol mas há aqui coisas que eles ignoram completamente.
E ria, com um risinho sarcástico, antevendo o brilharete que haveria de fazer perante aquela douta assembleia de catedráticos do pontapé na bola.
Regressámos no outro dia. O Neves encarregou-se de folhear os jornais referentes ao ano de 1932 e eu de 1933.A fortuna sorriu-me. Num número datado de Março de 1933 li a seguinte notícia:

Causou geral consternação em toda a cidade o misterioso desaparecimento, ocorrido há cerca de uma semana, do senhor Celestino da Graça Rodrigues Gomes, funcionário da Câmara Municipal, onde exercia as funções de escriturário de forma competente e dedicada. À data do encerramento deste jornal as variadas diligências encetadas pelas autoridades nada conseguiram apurar de concreto sobre os motivos de tal desaparecimento.

No número referente à semana seguinte, o Ecos de Beja era um jornal semanário, leio o seguinte:

As autoridades relacionam o misterioso desaparecimento do senhor Celestino da Graça Rodrigues Gomes, por nós já noticiado no nosso número anterior, com o também súbito e misterioso desaparecimento de uma jovem meretriz da Rua da Branca, de seu nome Maria Rosa Guerreiro, mais conhecida pela Maria Algarvia, com a qual, segundo o testemunho de amigos mais chegados do desaparecido, vinha este mantendo um relacionamento amoroso que durava de há meses a esta parte.
Acresce dizer que dos cofres do Grémio Artístico Bejense terão desaparecido, segundo informaram as autoridades e nos foi confirmado pelo Presidente do Grémio, nosso particular amigo e assinante senhor José António Lobo Pimenta, cerca de 12.000.00, dinheiro proveniente da normal cotização e, a maior parte, de um avultado e recente donativo feito por um benemérito local que procurámos identificar mas que insiste em permanecer incógnito. Este avultado quantitativo era destinado ao pagamento de obras urgentes de que carece o edifício onde se encontra instalado o Grémio Artístico, dado o seu avançado estado de degradação.
Ora sucede que o desaparecido vinha desempenhando nesta meritória colectividade, onde gosava de geraes simpatias, as funções de tesoureiro.
Tudo leva a crer estarmos pois perante um furto e fuga motivados por razões passionais. Escusado será dizer quanto este lamentável sucesso impressionou familiares e amigos deste jovem, vítima dos desdouros de uma infeliz paixão.

Mostrei ambas as notícias ao Neves. À medida que as lia o rosto nédio e rubicundo iluminava-se-lhe num sorriso:
-É isto, é isto! - repetia numa excitação feliz.
-Pois é isto! Está satisfeita a tua bisbilhotice?
Folheámos a mãos ambas os números seguintes até ao final do ano de 1933. O facto não era mais citado, pelos vistos os desaparecidos tinham levado um sumiço definitivo.
-Mas e o que lhes teria sucedido, quero dizer, depois de terem fugido? - perguntava-me, coçando a nuca e semicerrando os olhos como se procurasse lobrigar os fugitivos no fundo das suas cogitações.
-Creio que viveram ambos por muitos e longos anos, felizes e contentes, e tiveram muitos meninos. Se pretendes saber mais fá-lo tu agora sozinho, por tua conta e risco. Eu, por mim, dou-me por satisfeito.
E os dias passaram.
Imerso no meu quotidiano esqueci o par amoroso que a moral da época, tão rígida quanto hipócrita, obrigou a procurar refúgio sabia-se lá em que longínquas paragens, até àquele sábado em que, pela manhã, encontrava-me eu na tabacaria a comprar cigarros e o jornal, quando o Neves, que eu já não via há um bom par de dias, irrompe pela casa dentro e naquele seu jeito delicado me dá uma sonorosa palmada nas costas, que me sobressaltou, e me diz:
-Ainda bem que te encontro. Nem de propósito! Temos que ir à Salvada!
A Salvada, para os menos conhecedores da geografia da região, é uma aldeia que dista da cidade de Beja pouco mais de uma dezena de quilómetros.
-Pelo tom imperativo estou em crer que tenho mesmo de lá ir! Mas o que vamos lá fazer?
-Ouve-me, ouve-me bem! Tenho andado a procurar saber quem são os músicos mais velhos que tocaram na banda do Grémio e que ainda estejam vivos. Já falei com vários, mas nenhum deles é suficientemente velho para conhecer o que se passou há setenta anos atrás. Pois bem, soube ontem de um que vive na Salvada e que já terá passado dos noventa. Temos que ir falar com o homem, temos ou não temos?
O bom do Neves não tinha desistido das suas pesquisas. Por força que haveria de descobrir o destino do par amoroso.
-Está bem! Vamos lá falar com o homem. E até pode ser hoje, depois do almoço, se estiveres disponível.
-Mas é claro que estou!
E outra sonora palmada selou o acordado.


IV


O senhor João de Brito Godinho tinha completado 91 anos. Começara a tocar na banda do Grémio tinha ele treze anos, fez parte das suas primeiras escolas de música. Encontrámo-lo ainda fero e de boa memória para as coisa do passado mais distante, que não para as mais recentes, o que parece ser comum a todos aqueles a quem os anos foram poupando. Vivia com uma irmã, também já muito idosa, ambos viúvos. Enquanto tivessem forças para se amparar um ao outro haveriam de fugir dos lares como o diabo da cruz, dizia-nos ele.
Lembrava-se perfeitamente do acontecido, o Celestino era alguns anos, poucos, mais velho do que ele, mas tinha-o conhecido bastante bem até. Não eram das relações um do outro, não senhor, ele era operário e o Celestino funcionário da Câmara; um punha gravata e o outro vestia-se de ganga e isso, naquela época, marcava distâncias.
Mas lembrava-se de tudo bastante bem. Nunca mais soube nada dele. Alguns amigos diziam que estava na Argentina e que até nem estava mal. Mas depois veio a Guerra de Espanha, veio a outra, a Mundial, vieram tempos muito difíceis e nunca mais se soube nada dele. Até se lembrava que a mãe do Celestino, quando ele fugiu com a moça do fado, assim se lhe referia, com vergonha, esteve dias sem pôr o pé na rua e o pai, que tinha uma oficina de ferrador perto da Praça de Touros, teve-a fechada uma porção de tempo. Aquilo foi um grande escândalo.
Neste ponto da narrativa o Neves esticou o pescoço roliço, abriu muito os olhos e perguntou, singularmente interessado.
-Mestre João, diga lá como se chamava o pai do Celestino, ainda se lembra?
-Claro que me lembro, era o Mestre António Ferrador.
-Está bem, mas o nome, o nome completo?
-Também me lembro. Muitas vezes lá fui com o meu pai ferrar um macho que nós tínhamos. O meu pai era forneiro e era com esse macho que fazíamos o carrego de lenha para o forno...
-Está bem, mas como é que era o nome do Mestre Ferrador? - cortou ele, brusco.
Mestre João Godinho olhou para mim como que solicitando uma explicação para tanta impaciência e despropósito do meu amigo, que eu próprio estranhava, ele que habitualmente era tão cordato e bonacheirão.
-Pois era o Mestre António Domingos Pratas Gomes.
O Neves deu um salto na cadeira, como que electrizado. Vimo-lo, com um ar expectante, pegar no telemóvel e nervosamente fazer uma ligação. A espera foi breve:
-Mãe? Sou eu, o João. Ouça, como se chamava, qual era o nome completo da avó Maria ?...Rodrigues Gomes? Pois, está bem!...Nada, eu depois lhe conto!E esse seu tio que emigrou e de quem nada mais souberam?....Chamava-se Celestino?... Sim?...Amanhã, está bem...Sim...Adeus!
Voltou-se para nós, lívido, como se tivesse visto alguma aventesma.
-O pai do Celestino, o Mestre António Ferrador, era meu bisavô! - ciciou num fio de voz, como se a revelação o amedrontasse.
-Era teu bisavô?
-Pois era o meu bisavô materno. O meu bisavô tinha uma oficina de ferrador perto da Praça de Touros, isso sempre o ouvi dizer a minha mãe. A minha avó, filha do Mestre António Ferrador e neste caso irmã do Celestino, chamava-se Maria da Soledade Rodrigues Gomes e a minha mãe Maria da Conceição Gomes Rocha. Eu chamo-me João Manuel Rocha das Neves. - e olhava para mim, depois deste confuso discurso, pálido e com um ar de perfeita incredulidade.
-Acalma-te lá! - dizia-lhe eu, obrigando-o de manso a sentar-se. - Queres tu dizer que o tal Celestino é irmão da tua avó materna e que portanto é teu tio-avô? E como é que só agora o sabes?
-Lembro-me de uma única vez a minha mãe se referir a um seu tio que tinha emigrado e do qual nunca mais tiveram notícias. Vê tu que durante tantos anos procederam como se ele quase não tivesse existido. Tudo isto me parece mentira!- e passava a mão pela testa numa incredulidade pesarosa.
-Pois tinham de facto uns códigos morais extremamente rígidos! - dizia-lhe eu em tom afável, procurando desdramatizar a situação. Já entretanto a irmã de Mestre João Godinho tinha providenciado um copo de água que o Neves bebia sôfrego.
Parecia agora mais calmo.
-Vê lá agora não faças como esse teu antepassado!
O Neves riu-se, estava de regresso o velho e bom Neves.
- Não faço, não! Já não há amores de perdição e com o dinheiro que o cofre do Grémio tem também não dava uma volta muito grande!
Creio não vos ter ainda dito mas o meu bom Neves é o actual tesoureiro do Grémio Artístico Bejense. 
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quinta-feira, maio 19, 2005
  A Classe Política sob Suspeita

Há um país velho e longínquo onde a classe dirigente tantas tropelias cometeu que o povo, isto é, os dirigidos, começaram a olhá-la como um mal necessário, algo que havia que sofrer já que não se entende um Estado sem dirigentes, por muito maus e incompetentes que se revelem. E embora existissem eleições e já por várias vezes os indígenas tivessem procedido à substituição desses mesmos dirigentes saía-lhes sempre pior a emenda que o soneto.
Por último a coisa começou a ficar preta, desculpem-me os politicamente correctos, com o défice das contas públicas. Havia que baixá-lo, havia forçosamente que sanear as contas públicas, o Estado andava a gastar bastante mais do que lhe permitiam os seus rendimentos e sem contas públicas equilibradas, diziam alguns mais avisados, não poderia haver crescimento económico sustentado, quer dizer, os pobres indígenas não poderiam melhorar as suas condições de vida. Algo que resultava incompreensível pois é precisamente para isso que a classe política existe, para tratar do bem comum. Vendeu-se património público, isto é, empobreceu-se o Estado, congelaram-se os vencimentos dos funcionários públicos durante dois anos, disse-se que agora já estava, os tempos de crise haviam acabado, a retoma económica estava em marcha, mas tudo isto soava a falso. Tanto soava a falso que o chefe de governo aproveitou uma inesperada oportunidade e pirou-se para o estrangeiro, para o desempenho de funções bem mais gratificantes do que chefiar um governo atolado em dificuldades e já sem energia para lhes fazer face. Deixou em seu lugar um play-boy, indivíduo que era useiro e vezeiro em tudo o que era revista do coração, bom papagaio, de discurso empolado mas absolutamente oco, a quem não se conheciam quaisquer merecimentos senão os atrás enunciados e então é que as coisas dão mesmo para o torto. O árbitro de todo este jogo, que dá pelo nome de Jorge Sampaio, homem de discurso redondo e que prima pela incapacidade de tomar decisões, viu-se então compelido a agir e a pôr fora tão patusco chefe de governo, convocando eleições antecipadas, ganhas pela oposição.
Pois bem, depois de todos aqueles anos de combate ao défice, depois de todas aquelas promessas chegou-se então à conclusão de que o mesmo não havia sido controlado, havia mesmo piorado.
Conclusão inevitável: andaram todo esse tempo a mentir aos indígenas. Será que para determinados tipos de procedimentos governativos bastará o castigo das urnas, isto é, a derrota eleitoral? Será que para procedimentos tão graves, como o de mentir aos governados e governar por forma a comprometer o bem estar presente e futuro de toda uma comunidade, não deveria haver uma penalização mais grave, perguntavam-se já os indígenas?
Os actuais governantes, que muito prometeram aquando da campanha eleitoral, levianamente ao que parece, vão ter que abrir mão dalgumas daquelas promessas pois a situação já não parece ser para paninhos quentes. Terá o actual chefe de governo arcaboiço para tanto, terá ele dimensão de estadista ou será apenas mais um dirigente de passagem? O seu antecedente partidário, que também deu à sola, governou tentando manter um eterno estado de graça, procurando agradar a gregos e a troianos, preferindo não tomar qualquer decisão a afrontar quaisquer interesses. Ora o actual foi ministro do anterior, a quem não regateia elogios. Será que lhe assimilou a escola? Até agora nada se viu, para além de alguns fogachos, a que chamam, alguns, actos simbólicos. Parece ter inaugurado um estilo de maior discrição governativa, parecendo pouco preocupado em aparecer diariamente nos telejornais das oito. Não está mal. Mas não basta. Não se querem governantes obcecados com a sua imagem, que transformem a governação em permanente encenação e espectáculo, sobriedade, parcimónia e dignidade quanto baste é o que se deseja à acção governativa, mas, que diabo, queremos, desejamos, que por detrás dessa circunspecção exista trabalho, projectos, dinâmica de futuro. Mas será ainda cedo para juízos definitivos. Esperemos. A ver vamos... 
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domingo, maio 15, 2005
  Notícias da Paróquia I

Notícias da Paróquia

A partir dos começos do mês de Fevereiro os meus alunos provenientes da localidade de Penedo Gordo, a quatro quilómetros da cidade, começaram a comparecer à primeira aula do dia, que principia às 8.15 horas, com 15/20 minutos de atraso. O que ocorria? A Rodoviária, que os deixava junto à Escola, tinha passado a deixá-los a 1 quilómetro da mesma. E porquê? Porque os custos com os transportes escolares se haviam agravado, a entidade pagadora dos mesmos é a Câmara Municipal, as negociações entre ambas não chegavam a bom termo e vai daí a coisa partiu pelo elo mais fraco: a Rodoviária decidiu encurtar os percursos, decerto que as poupanças conseguidas com este triste encurtar seriam vultuosas, presumimos nós, e os alunos deixaram de comparecer a horas às aulas, com o atropelo dos seus mais elementares direitos e com os inevitáveis prejuízos de carácter pedagógico. Mas não eram apenas os alunos do Penedo Gordo os afectados por esta decisão absurda, eram também os provenientes de Baleizão, Neves e outras.
A coisa prolongou-se sem fim à vista e as Associações de Pais e Encarregados de Educação das Escolas E.B. 2,3 de Santiago Maior e Santa Maria, naturalmente agastadas com a situação, convocam uma acção de protesto junto das instalações da Rodoviária, a qual se realiza no passado dia 4 de Maio. As televisões privadas, que se pelam por estas coisas, e ainda bem, comparecem, e o assunto assume relevância pública e nacional.
Final da história: a partir daí os meus alunos começaram a chegar a horas às aulas.
Comentários? Para quê? Trata-se de artistas portugueses...
 
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terça-feira, maio 10, 2005
  A Propósito dos 60 Anos do Findar da Segunda Guerra Mundial

Passaram no dia 8 de Maio 60 anos sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, que sendo Mundial devastou particularmente o continente europeu. Aqui poucos escaparam a essa onda de destruição e morte desencadeada pelos delírios paranóicos de Afolfo Hitler, esse homenzinho de bigode ridículo e extraordinárias capacidades comunicativas que logrou arrastar para a loucura toda uma nação tida como das mais cultas e civilizadas do velho continente, algo que ainda carece de uma explicação convincente, se é que algum dia a terá.
Menorizada de um ponto de vista militar, a Alemanha só na década de 90, após a reunificação, enviou tropas suas para um teatro de guerra exterior às suas fronteiras, neste caso para território da ex-Jugoslávia.
Mas já na década de 60, e pela primeira vez após o findar da Guerra, segundo cremos, a Alemanha havia enviado forças militares para solo estrangeiro. Neste caso para a Base Aérea nº 11, situada exactamente nas proximidades de Beja. Portugal e a Alemanha eram, e são, países membros da Nato e a deslocação dessas forças militares alemãs para solo português terá de situar-se dentro das directivas político-militares gizadas dentro dessa organização.
Mas na década de 60 seriam ainda muito vivas em toda a Europa as memórias das atrocidades cometidas pelas tropas alemãs de ocupação. A Guerra havia acabado há escassos 20 anos. Afinal quantos países europeus haviam escapado aos horrores da Guerra? A pacata e operosa Suécia, A Irlanda, recém-independentizada e que olhava com azedume a pérfida Albion que a havia colonizado e martirizado durante séculos, a neutral Suiça, a Espanha, que então lambia as dolorosas feridas deixadas por uma trágica e ferocíssima Guerra Civil, a euroasiática Turquia, que ainda digeria a perda do seu império no decurso da Guerra de 1914/18 e o Portugal periférico, atrasado, um tanto ou quanto exótico e onde reinava a paz podre imposta pela Ditadura.
Afinal em quantos países europeus, na década de 60, se toleraria a presença de tropas alemãs? Provavelmente apenas em Portugal. Até na franquista Espanha de então ela seria menos tolerada. Tropas alemãs haviam participado activamente na Guerra Civil ao lado dos nacionalistas e a Divisão Condor e o bombardeamento de Guernica, para sempre imortalizado por Picasso, eram símbolos demasiado poderosos para permitirem a muitos espanhóis um simples encolher de ombros de indiferença perante tal facto. Além disso a Espanha não era à altura membro da Nato.
Os horrores da Guerra não haviam afectado directamente o solo português e olhos que não vêem coração que não sente, diz o povo. A memória das atrocidades cometidas pelas tropas alemãs não nos era alheia, mas essas atrocidades tinham sido cometidas sobre outros. Também é verdade que o regime musculado de então não toleraria quaisquer manifestações públicas de contestação pela presença de tropas alemãs em solo nacional. Mas não poderia evitar atitudes individuais de repúdio, que se poderiam manifestar por indiferença, frieza e distanciamento no trato, o que também não se verificou. Na verdade as relações entre as duas comunidades foram, ao longo de mais de 20 anos, enquanto a presença alemã durou, relações se não cordiais pelo menos de mútuo entendimento. O que não é pouco atendendo ao lastro de tenebrosas memórias deixadas pelo nazismo e ao pouco tempo decorrido sobre o findar desse período de Guerra, o mais trágico de todos quantos viveu o velho continente no decurso do século passado. 
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sexta-feira, maio 06, 2005
  CASTELO DE BEJA

MÁRIO BEIRÃO
(1890-1965)

CASTELO DE BEJA


Castelo de Beja
No plaino sem fim;
Já morto que eu seja,
Lembra-te de mim!

Castelo de Beja,
De nuvens toucado;
A luz que te beija
É sol do passado!

Castelo de Beja,
Espiando o inimigo;
Te veja ou não veja,
Estou sempre contigo!

Castelo de Beja,
Feito de epopeias;
Um sonho flameja,
Nas tuas ameias!

Castelo de Beja,
Subindo, lá vais...
Tu fazes inveja
Às águias reais!

Castelo de Beja,
Lembra-te de mim:
Saudade que adeja,
No plaino sem fim...



Em data recente a Câmara Municipal de Beja homenageou o poeta Mário Beirão, filho da terra, onde nasceu em 1890, na Rua das Portas de Aljustrel, em casa devidamente assinalada com uma placa que dá notícia do fasto acontecimento. Homenagem singela que se traduz num pequeno memorial constituído pelo seu busto suportado por uma colunela e pela inscrição do poema que acima se transcreve, gravado em placa brônzea acoplada a outra colunela paralela à anterior, ambas de mármore cinzento, cremos que do chamado mármore de Trigaches.
Feliz, a iniciativa peca embora por tardia. Mário Beirão é, ousamo-lo dizer, o maior vulto poético bejense do século passado. No dizer de David Mourão-Ferreira, em artigo inserto no "Dicionário de Literatura" (direcção de Jacinto do Prado Coelho, Figueirinhas, Porto, 1983), "revelou-se como poeta de excepcionais qualidades ao publicar, com 21 anos apenas, o Último Lusíada que, inserindo-se embora no ideário do saudosismo, não deixava também de apresentar, em germe, algumas importantes características da poesia portuguesa posterior (v. g., um propósito de concisa epopeia que será, depois, o de F. Pessoa da Mensagem; uma obsessão telúrica que virá a exprimir-se na obra de Torga; um sentido de reivindicação social que terá involuntários continuadores entre os neo-realistas da geração de 40)".E o poeta que se revelou aos 21 anos foi vida fora um cantor da planície transtagana, das suas paisagens grandiosas e trágicas , da altivez nobre das suas gentes.
Nestes tempos de inadiáveis afazeres e de tempo sempre escasso sugiro-lhe que, sem pressas, vá até ao Castelo, e leia, saboreando, o poema que acima transcrevo, fite as muralhas, deixe que as palavras do poema e a ambiência o envolvam, depois suba à Torre de Menagem, repouse o olhar na planície, deixe que ele circunvague até aos contrafortes das serras distantes e dê asas ao pensamento. Provavelmente virá de lá mais reconciliado consigo e com os outros.

 
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domingo, maio 01, 2005
  A Colocação de Professores ou Pior a Emenda que o Soneto

Para os males endémicos de que padece o nosso sistema de ensino e que remontam, pelo menos, aos tempos do Marquês de Pombal, propõem agora algumas luminárias uma panaceia, mais uma a somar a tantas outras, que nisto da educação não há bicho-careto que não meta a colher, a qual é a da "estabilidade do corpo docente". E como é que se vai conseguir tal desiderato? Acabando com o sistema centralizado pelo Ministério de colocação dos docentes e entregando tal processo às autarquias locais e às escolas.
Pressupõe-se assim conquistar a almejada estabilidade do corpo docente mas ainda mais: garante-se que as escolas passarão a ter melhores professores pois que serão elas a seleccioná-los, cooptadas em tal missão pela douta opinião da respectiva autarquia local e famílias. Santa ingenuidade. É sabida a transparência, rigor e honestidade com que decorrem os concursos públicos para as mais diversas funções de Estado.
E como os professores que temos são os actualmente existentes e não outros, e como o recrutamento futuro destes há-de ser feito de entre eles, e como, ao que parece, são na sua maioria notoriamente incompetentes, como vai ser? Vamos mandar os incompetentes para casa, ficar apenas com os bons e arranjar mais uns milhares de competentes passíveis de serem recrutados? É que se não for assim alguém ficará com os incompetentes. Ou não será?
Mas experimentem a solução e verão o que vai acontecer: uma irremediável e perniciosa politização das escolas, um reforço da partidocracia em que já vivemos, o surgimento de escolas do PCP, do PS, do PSD e decerto também algumas do PP e do Bloco de Esquerda, dependendo isso da cor política da respectiva autarquia, o surgimento de mais clientelas políticas com o inevitável cortejo de intrigas, bajulices e reforço do caudilhismo, o surgimento de escolas de primeira, segunda e terceira conforme a atractividade ou repulsividade das regiões em que se insiram, sendo este mais um interessante contributo para a promoção da tão propalada coesão e solidariedade nacionais e, enfim, a perda de autonomia de toda uma classe profissional face aos poderes político-partidários.
O actual sistema de colocação de professores, se enferma de imperfeições, garante pelo menos objectividade na ordenação dos docentes face às suas pretensões de colocação: atende ao grau académico e respectiva habilitação, habilitação profissional e tempo de serviço. Sou docente há 31 anos e orgulho-me de ao longo de toda a minha carreira não ter sido beneficiário de favoritismos de qualquer espécie. O mesmo dirá a maioria dos meus colegas. O que se propõe agora é deveras lamentável, como lamentável será a vida profissional de todos nós, a ir avante tão disparatada quanto insensata proposta.
P.S.: Vasco Pulido Valente disse isto e muito mais em crónica publicada no jornal "Público" de 29/04/05. Recomendo a leitura. 
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