sexta-feira, março 16, 2007
  Mudar é Preciso

Um dos temas mais sensíveis que se põem nos tempos presentes e que se porá particularmente nos tempos futuros é o do paradigma energético e política ambiental.
O recurso predominante aos combustíveis de origem fóssil, o carvão primeiro, que marcou o arranque da revolução industrial e posteriormente o petróleo, tem cobrado factura elevada em termos ambientais e de tal modo que este paradigma energético começa agora a ser posto em causa, não apenas porque danoso mas mesmo comprometedor de sobrevivência futura.
Os cenários que nos são propostos são catastróficos: a concretizarem-se a sua minimização comportará custos superiores aos ocasionados pela Segunda Guerra Mundial; a subida do nível médio dos oceanos poderá obrigar à deslocação de 200 a 300 milhões de seres. Para onde, perguntar-se-á? Países e ilhas há que estarão irremediavelmente condenados ao desaparecimento.
Mas poderá esta mudança de paradigma energético ocorrer de forma tão célere quanto o desejável? Obviamente não. Os colossais interesses económicos ligados ao petróleo, à indústria automóvel, a fiscalidade dos estados, a dependência umbilical de toda uma economia desta fonte energética levarão a que tal mudança se processe de forma lenta, talvez demasiado lenta para que possa ocorrer a reversibilidade dos danos ambientais entretanto causados.
Alguns sinais positivos vão-nos entretanto chegando; recentemente a União Europeia deliberou diminuir até 2020 as emissões de CO2 em 20%, bem como substituir os combustíveis fósseis por energia proveniente da fontes renováveis, ambientalmente limpas, também em 20%. Importante era que igual propósito fosse enunciado por outros grandes poluidores, nomeadamente o maior de todos eles, os Estados Unidos. E serão tais medidas suficientes?
Provavelmente o recurso a fontes de energia renováveis será sempre insuficiente face aos crescentes consumos energéticos. Para além desta alternativa outras terão que ser ponderadas: o nuclear, o biodisel, o hidrogéneo?
E provavelmente todos teremos de mudar de hábitos mais depressa do que pensamos. E ou o fazemos voluntariamente ou a dura realidade nos obrigará a adoptá-los.
Se toda a humanidade tivesse os padrões de consumo médio do cidadão médio do dito mundo desenvolvido, teríamos que seriam necessários vários planetas Terra para os suportar. E com que legitimidade poderemos nós, os do feliz e consumista mundo desenvolvido, dizer à esmagadora maioria da humanidade que não poderá jamais ascender aos nossos níveis de consumo e bem-estar porque os recursos existentes não chegam para todos?
Há pois que mudar. E essa mudança não competirá somente aos governantes mas terá que implicar cada um de nós. Utilizar com parcimónia, reutilizar, reciclar terão de ser preocupações permanentes. Práticas que, para aqueles da minha geração, não são absoluta novidade: as carências económicas em que então a generalidade vivia a isso compeliam, é verdade. Mas nem por isso deixavam de ser boas práticas: em minha casa sempre o lixo orgânico se transformou em ovos e carne de galináceos, e que saborosos eram. Não estou obviamente a sugerir que tenhamos capoeiras na varanda do apartamento, onde hoje viverá a maioria.
Mas esta mudança de paradigma a todos terá de implicar. Dizem os especialistas que os recursos hidrícos estão entre nós subaproveitados, que era possível duplicar a produção energética daí proveniente. E isso lembra-me que se o engenho dos nossos antepassados engendrou, no vizinho Guadiana, os açudes e correlativos moinhos onde ao longo de séculos se moeu o grão que alimentou sucessivas gerações, não será hoje possível aproveitar tais estruturas para a instalação de centrais mini-hídricas? Poderá ser tal sugestão um disparate de um diletante voluntarista, mas seja ou não seja aí a deixo à consideração de quem me ler.
 
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