sábado, abril 16, 2005
  Bilhete Postal


Falemos claramente, se não conseguimos eliminar os dejectos caninos das nossas ruas e praças então reconheçamo-nos definitivamente vencidos e tentemos virar a coisa a nosso favor.
Já estou a ouvir os mais empedernidos defensores da coisa pública vociferarem que agora se abandona esta luta que é de todos, esta cruzada em prol da higienização dos espaços públicos, esta denodada luta em defesa da saúde pública, este objectivo que é o de subir mais um patamar de civilidade ao tratarmos bem os animais domésticos e não andarmos a pisar merda nos espaços públicos que presuntivamente são de todos. Mais devagar, mais devagar, se esta luta é de todos quantos estão empenhados em travá-la? As autoridades municipais para quem parece ser indiferente haver mais ou menos merda nas ruas? As madames que olham embevecidas os lulus enquanto estes levantam graciosamente a perninha e deixam a sua rosquinha malcheirosa no empedrado? Afinal, pergunto eu, quantos destes todos estão deveras interessados nesta luta? Sim, quantos? Luta em defesa da saúde pública? Bem, as maleitas provocadas pelas fezes caninas são perfeitamente curáveis e se o não forem sempre vos digo que de alguma coisa a gente há-de morrer. Um patamar mais na longa marcha a caminho da civilidade? Há prioridades, senhores, há prioridades. Por acaso já se constuíram todas as acessibilidades aos novos estádios? Parece que não. Construir uma obra pública para divertimento das massas e deixá-las sem acessos não revela uma grande falta de civilidade? Ora aí têm!
Então como podemos virar a coisa a nosso favor? Com imaginação, meus senhores, com maginação. Vou dar-vos algumas sugestões:
-organizar ralis pedestres, como por exemplo "Tente chegar ao fim da Avenida sem cagar os pés". O que as pessoas não se iam divertir;
-formar técnicos numa nova forma de adivinhação a que se poderia chamar cacomancia. Eu explico: os turistas interessados recorriam aos serviços do cacomante, este fazia o turista rodar sobre si próprio umas quantas vezes e depois de este estar suficientemente entontecido mandava-o caminhar. É claro que poucos passos volvidos o interessado toparia com dejectos caninos. Aí entrava a sapiência do cacomante: pela altura do dejecto, sua consistência, cor, aroma e outras características que só o cacomante conhece, todos sabem que estas práticas têm os seus segredos, ele exercitaria então a nobre arte da adivinhação;
-outra sugestão ainda: poder-se-ia instituir um prémio nacional para a povoação com maior densidade de dejectos caninos por metro quadrado. Chmar-se-ia à competição "A povoação mais merdaleja de Portugal" e o honroso galardão seria ostentado por um ano.
É claro que estas são apenas algumas sugestões, muitas mais os leitores poderão engendrar se se derem ao trabalho. Eu fico-me por estas.
Passem todos muito bem e até à próxima. 
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